quinta-feira, 27 de outubro de 2011

FFLCH

Capitalistas comem criancinhas.
Maconha é o pão-nosso de cada dia.
Agradeça a brisa alheia.
E não ouse reclamar, fere a liberdade de expressão alheia!


L. Puglia não aguenta mais isso.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Um toque de realidade

Minha relação com a vida anda meio
"I love you", eu digo, depois de um bom tempo a beira de um abismo, refletindo sobre gravidade e quedas. Dou três passos pra atrás antes de virar-me e iniciar a corrida não-sei-para-onde, sem olhar pra trás, com medo da tentação.
"I love spending time with you", ela me responde, com certo tom de ironia.



[L. Puglia pensou nisso hoje de manhã, no meio do banho, tão inteiro e tão completo que nem pode recusá-lo.]

sábado, 13 de agosto de 2011

Em busca de um livro...

Incomodada que estou com a falta de postagem, resolvi postar aqui uma parte mínima do livro que comecei a ler e... Bom, adorei o trecho e, como leitora, como compradora de livros, essa é uma das cenas que eu mais me identifiquei na Literatura. Aproveitem!

"Já logo na vitrine da livraria, identificou a capa com o título que procurava. Seguindo essa pista visual, você abriu caminho na loja, através da densa barreira dos Livros Que Você Não Leu que, das mesas e prateleiras, olham-no de esguelha tentando intimidá-lo. Mas você sabe que não deve deixar-se impressionar, pois estão distribuídos por hectares e mais hectares os Livros Cuja Leitura É Dispensável, os Livros Para Outros Usos Que Não a Leitura, os Livros Já Lidos Sem Que Seja Necessário Abri-los, pertencentes que são à categoria dos Livros Já Lidos Antes Mesmo De Terem Sido Escritos. Assim, após você ter superado a primeira linha de defesas, eis que cai sobre sua pessoa a infantaria dos Livros Que, Se Você Tivesse Mais Vidas Para Viver, Certamente Leria De Boa Vontade, Mas Infelizmente Os Dias Que Lhe Restam Para Viver Não São Tantos Assim. Com movimentos rápidos, você os deixa para trás e atravessa as falanges dos Livros Que Tem A Intenção De Ler Mas Antes Deve Ler Outros, dos Livros Demasiado Caros Que Podem Esperar Para Ser Comprados Quando Forem Revendidos Pela Metade Do Preço, dos Livros Idem Quando Forem Reeditados Em Coleções De Bolso, dos Livros Que Poderia Pedir Emprestados A Alguém, dos Livros Que Todo Mundo Leu E É Como Se Você Também Os Tivesse Lido. Esquivando-se de tais assuntos, você alcança as torres do fortim, onde ainda resistem

os Livros Que Há Tempos Você Pretende Ler,

os Livros Que Procurou Durante Vários Anos Sem Ter Encontrado,

os Livros Que Dizem Respeito A Algo Que O Ocupa Neste Momento,

os Livros Que Deseja Adquirir Para Ter Por Perto Em Qualquer Circunstância,

os Livros Que Gostaria De Separar Para Ler Neste Verão,

os Livros Que Lhe Faltam Para Colocar Ao Lado De Outros Em Sua Estante,

os Livros Que De Repente Lhe Inspiram Uma Curiosidade Frenética E Não Claramente Justificada.

Bom, foi enfim possível reduzir o número ilimitado de forças em campo a um conjunto certamente muito grande, conquanto calculável num número finito, embora esse alívio relativo seja solapado pelas emboscadas dos Livros Que Você Leu Há Muito Tempo E Que Já Seria Hora De Reler e dos Livros Que Sempre Fingiu Ter Lido E Que Já Seria Hora De Decidir-Se A Lê-Los Realmente.

Você se livra com rápidos ziguezagues e, de um salto, penetra na cidadela das Novidades Em Que o Autor Ou O Tema São Atraentes. Uma vez no interior dessa fortaleza, pode abrir brechas entre as fileiras de defensores e dividi-los em Novidades De Autores Ou Tema Já Conhecidos (por você ou por todos) e novidades De Autores Ou Temas Completamente Desconhecidos (ao menos por você) e definir a atração que eles exercem sobre você segundo suas necessidades e desejos de novidade e não-novidade (da novidade que você busca no não-novo e do não-novo que você busca na novidade).

Tudo isso para dizer que, após ter percorrido rapidamente com o olhar os títulos dos volumes expostos na livraria, você se dirigiu a uma pilha de exemplares recém-impressos de Se um viajante numa noite de inverno, pegou um e o levou ao caixa para ver reconhecido o seu direito de possuí-lo.

Você ainda lançou sobre os livros em redor um olhar desgarrado (ou melhor: os livros é que o olharam com um olhar perdido como o dos cães nos cercados do canil municipal quando vêem um ex-companheiro ser levado na coleira pelo dono que veio resgatá-lo) e, enfim, saiu."

(CALVINO, Italo. Se um viajante numa noite de inverno. Companhia das Letras, 1990. 1a Ed. [Se uma notte d’inverno um viaggiatore, 1979] Tradução: Nilson Moulin. – p. 13 e 14)

sábado, 16 de julho de 2011

Paz...?

Sábado à noite. Metrô Tatuapé. Oito pessoas diferentes. Risadas. Bobagens. Desabafos. Amigos por convivência, mas... Tão bem entrosados. Um mundo a parte numa praça de shopping movimentada. Hambúrgueres, comida japonesa, lanches, sorvetes, milkshakes. Conversas. Conversas e mais conversas. Reclamações e mais reclamações. Risadas e discordâncias. Risadas. Piadinhas. E aí você percebe que tem uma válvula de escape. Você ganha paz. (:

domingo, 29 de maio de 2011

Domingo, 29 de maio de 2011.

Hoje, nem Pollyanna veria o lado bom. Gravem, o dia que o Jogo do Contente falhou.

Dias que eu não devia ter vivido.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Só mais um cigarro...

O dia que a Vida apresenta a você todos seus problemas, expõe todos detalhadamente, mostra que não há saídas e você, então, encara-a profundamente. Aquele momento se suspende. Ela faz cobranças. Você continua encarando. Ela dá um sorriso cínico.

- Com licença, eu vou ali fumar um cigarro.

Tanto faz a reação dela, você desvia e sai. E você ainda nem começou a fumar.


terça-feira, 12 de abril de 2011

Inspirações noturnas

Chove lá fora,
tudo está encharcado.

Aquela hora da noite que você é só dúvidas, e tão dúvidas que as pessoas que te veem não têm certeza nenhuma sobre o que pensa sobre você.

Aquele suspiro que é uma manifestação física do que você está tentando fazer na sua mente: expulsar aquilo que enche.

Aquele momento que você só queria pausar o tempo e sair andando pelas ruas, por onde quisesse, sozinha e em silêncio.

Aquele barulho todo que você queria que cessasse já que dentro de você já há uma balbúrdia suficiente.

Aquela sensação estranha de solidão, nua e crua, firme e forte, e a falta de braços pra te envolverem e confortarem.

Aquela angústia por saber que quem mais te entenderia está a oito horas e cem reais de você.

Aquele gosto estranho de quando você fecha os olhos e deseja coisas que não pode verbalizar.

E continua chovendo lá fora,
a noite continua escura,
o vento está frio,
e eu sinto o frio, a escuridão, mas eu me sinto seca por dentro...