terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Questão de ponto de vista - Parte I

De uma vez por todas, a reta final. Sim, estava perto do fim. Mas, de repente, não havia fim. Não era uma trilha de recomeço, não.

Era um precipício.

Como não vira antes? Um grande nada em uma trilha tão longa.

A um passo do fim, vira o precipício; sem ver seu tamanho ou profundidade. Nuvens e mais nuvens -densas e pesadas, nada fofas ou brancas- ofuscavam-lhe a visão.

Como, então, saber o que fazer?

No geral, a resposta era óbvia: seguir em frente.

Os sonhos estavam ali, todos. Eram possíveis paradas daquela queda. Na verdade, eram paradas onde ameaçava-se traçar novas trilhas. Desta vez, por si mesmos. Não existiria mais ninguém para servir de guia ou dizer o que fazer.

As nuvens lhe pareceram menos densas. Talvez, se ajeitasse os pensamentos e tudo o mais, conseguiria eleminar as nuvens e enxergar. (Mas será que queria mesmo enxergar?)

Mas seria o tempo suficiente para enxergar e acreditar em algo? Será que não enxergaria só o chão e, talvez, alguma escada que pudesse lhe trazer de volta caso caísse?

Não, não queria ver.

Era hora de seguir em frente e terminar o caminho. Ampliaria os horizontes depois. Agora, era a hora de fechar os olhos e encarar o fim inesperado.

E a escolha era simples:
Dar um passo e deixar-se cair, ser empurrada ou simplesmente pular.


L. acha que vai pular.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Só pra lembrar...

A noite não estava poética: não havia estrelas ou lua, o céu não estava azul-marinho ou preto. Eram só... Nuvens de poluição com as luzes da cidade. O céu estava numa daquelas cores que só o céu pode ter, em algum tom de marrom.

Não era, nem de longe, apaixonante.

Mas não importava, não, nenhum pouco. Não importava porque, por pior que fosse o dia, por mais feia que fosse a noite e por maior que fosse a vontade de chorar, havia uma centelha de felicidade.

Uma centelha brilhante e eterna, sim. Nada poderia ser maior ou mais forte que aquela centelha. E era impossível não sorrir quando pensava sobre isso.

Fora num dia tão qualquer como este que se acendera (pois sempre existira). E, desde então, não havia dias horríveis que não eram, um pouquinho que fosse, atenuados. Não conseguia melhorar tudo, mas era a vontade de melhorar o mundo.



Este não é, nem de longe, um texto bonito ou digno. Mas é uma forma de agradecimento bem boba a minha Felicidade.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Vestida de rendas

Cadê, cadê? Onde está? Eu sei que existe, em algum lugar. Existe um controle. Play, pause, stop, mute. Teclas para que as coisas se adequem e sejam, finalmente, resolvidas.

Disseram que não se pode controlar tudo... Por quê?

Em algum lugar deve haver, sim, um grande e vermelho botão. Bem escondido e com cara de não-me-aperte. Mas a vontade é maior; as consequências serão desastrosas (não mais que as causas, e esse é o pensamento-consolo).

Não aperte, não aperte, não aperte, não aperte, não aperte, não aperte, não aper- Oh, dane-se. Aperte.

Quem se importa se for uma explosão? Pode ser somente uma pausa. Seja o que for, que venham as consequências, elas são necessárias.

Ninguém está realmente se importando com o que acontece ao seu redor. Não vivem mais suas vidas, esqueceram até mesmo delas. Oh, onde vamos parar?

Feche os olhos e aperte.

Nada pode ser pior.


Aperte, eu não posso desejar mais uma vez cair no álbum de retratos...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Nada elevado a nada

Não é nada.
Quantas milhares de vezes eu já não disse isso? (Quantas milhares de vezes eu menti?)

Sempre temos as nossas fases, que parecem intermináveis.

E o problema das más fases é: qualquer nada vai além de só nada. Nadas e mais nadas vão se juntando, se juntando.

E, então, você ouve algo. O nada-mór. Aquele nada funciona como potências para todos os outros nadas (os outros nadas das três últimas semanas) e nada se torna algo.

Algo grande, enorme. Significativo. Dói, machuca. Você não pode fazer nada além de chorar, e soluçar, e desabafar o que mais te dá medo e machuca, e implorar por atenção, e -isso é inevitável- você quer dormir, sem precisar acordar pra realidade.

Extravasado o algo, sobra aquele nada enroscado no peito. Afinal, como você se livra de nada? Enfim, a certeza: a fase não passou.

Tanto faz.

Quem se importa? Dane-se. Não é nada.


Agora, por incrível que pareça, você quase entende a aula louca de matemática.