terça-feira, 12 de outubro de 2010

Não há mentiras nem verdades aqui (sentimentos, talvez)

A culpa é a dor de quem fica. Nunca nenhuma outra frase fez tanto sentido pra mim. Eu, eu que fiquei.

Quando as pessoas morrem (sem eufemismos, hoje) é mais fácil amá-las, santificá-las e trazer só as coisas boas. Depois de morrer, todos são perfeitos. É essa a verdade. E é verdade também que nosso amor tinha, teve, tem um quê deste princípio.

Quando você falava algo bonitinho, eu podia salvar e olhar quantas vezes quisesse ou podia reler conversas inteiras quando sentia saudades. Quando você falava algo que não me agradasse, eu apertava o esc e ignorava. Você fazia o mesmo, eu sei.

Assim, a nossa relação sempre trouxe uma perfeição duvidável, mas belíssima. Os poucos – dois, talvez – que nos viram sabem disso. Os outros todos nem desconfiam.

Não sabem tantas coisas que não convém eu dizer aqui, tantas coisas nossas. Mas... Pra que pensar nisso? Você já se foi e levou o que tínhamos: a esperança de uma história de amor. Esses quatro anos foram somente um prefácio (muito difícil) de um livro que não escreveremos. Não sabemos nem a história, porque não a vivemos e isso que me dói - nunca saber se teria dado certo, se o final seria feliz.

Ficaram-me, além da dor, as dúvidas atemporais. De lembranças, quase nada. Duas ou três promessas, meia dúzia de planos, algumas frases... Tão vago e tão profundo. Tenho também aquela carta, que eu decorara, palavra por palavra, e o caderno em branco que eu comprei há tempo, pretendendo escrever e mandar pra você.

"Talvez, a última missão dele era te ensinar a ser forte", foi o que uma de nossas amigas me disse. Eu quase ri. Você sabia que eu não era forte e que nunca seria. Tudo que eu sempre quis foi alguém pra me proteger, e era você. Lembra? O abraço que ia me esconder do mundo? É...

As coisas são tão estranhas... A distância nunca nos deixou ser um, mas hoje eu me sinto metade. A esse relacionamento imaginário, eu faço um brinde. À dor que é real, deixo minhas lágrimas e tento extrair forças. A você... A você, o primeiro pedaço do bolo...

Feliz aniversário!

E seu presente é a minha promessa de levantar a cabeça e continuar. Não prometo que não vou te esquecer, você sabe que não vou. E acho bom que me espere... Talvez exista um lugar pra nós.


L. não tem nenhum comentário. Mas aceitaria um belo porre.

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